MIMOSO E O FORTE GADO
Mimoso e o forte gado,
Que seguis pastando;
O verde capim seguis,
Deste belo prado.
Sois felizes!
Sois bem-aventurados!
Pois, o progresso
Sobre vós, ides levando.
Já do vaqueiro,
Os gritos ides arrancando,
A fronte é erguida,
O carro é levado,
Conduzindo as riquezas deste prado,
E, aos poucos,
E, aos poucos,
O progresso ides transportando.
De repente,
A voz de Dircéia é ouvida.
O carro para em meio à desventura,
E, pouco a pouco,
Ao longe, a voz é repetida.
E, eu,
Pobre vaqueiro,
Cheio de ternura,
Dou lugar a uma paixão desmedida,
Que espalha,
Que dá volta pela espessura.
SOB AQUELE IPÊ SOMBRIO
Sob aquele ipê sombrio
Quando a escura noite passava,
Pasmava de medo.
Parecia distinguir,
Neste segredo noturno,
A imagem da hórrida figura.
Ali!
Ali não geme,
Nem sussurra, o Minuano frio,
Em espesso arvoredo.
Ali!
Sentado sobre aquele rochedo,
Lamentava, Alcino, a sua amargura.
Não chores, Pastor,
Não chores por tua desventura,
Pois, de ver-te hoje, assim,
Eu tenho pena,
Eu tenho medo.
Vê, Alceu,
Dizia, o Pastor, com grande amargura:
"Vê que, por um pouco, me entretenho,
Quando, neste lugar,
Chorar, eu venho".
MEMÓRIAS DE OURO PRETO E MARIANA
Aqui está uma serra,
Ali está uma igreja.
Aqui um pelourinho,
Ali um museu.
Contai, Terra!
Contai vossa peleja,
Tomai uma pedra,
Registrai nela
As obras de um dos vossos filhos,
Deste, que, por vossa liberdade,
Tanto, tanto, trabalhou.
Morro da Forca,
Morro da Queimada,
Quanto sangue,
Quanto, sobre vós, derramado!
Quando todo de ouro, fostes banhado,
Vossa riqueza,
Por outro foi levada.
Ao vosso lado, está,
A bela Mariana,
A mais formosa de todas as donzelas,
Ela,
Ela também sofreu com a derrama.
Vossa glória foi cantada pelos poetas.
Outro povo fez, sobre vós,, a sua cama.
Pois, para pagar dívidas,
O vosso outro, à Inglaterra, foi a Velas.